O Banimento nos esportes sob a visão do ordenamento jurídico brasileiro

Autores

  • Elthon José Gusmão da Costa USP
  • Renata Campos Falcão Baalbaki Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar a aplicação do banimento vitalício no esporte sob a perspectiva do direito ao trabalho, com base em um caso envolvendo um atleta de MMA, Wanderley Silva, banido por evasão de exame antidoping. A questão central é a tensão entre a punição esportiva e o direito do atleta à sua profissão, discutindo-se se o banimento vitalício é uma medida justa, especialmente em um cenário onde a prática esportiva é o único meio de subsistência do atleta. O artigo utiliza o método de análise de caso, tomando como base o caso de Wanderley Silva, ocorrido em 2014. O atleta, que evitou um exame antidoping da Comissão Atlética de Nevada, foi punido com banimento vitalício e multa. A análise envolve a revisão dos procedimentos adotados pela comissão e a contestação judicial subsequente, abordando tanto o aspecto jurídico quanto o impacto sobre o direito do atleta ao trabalho. O caso de Silva evidenciou a aplicação de uma punição considerada arbitrária e desproporcional. Embora a comissão tenha mantido a jurisdição sobre o atleta, a decisão de banimento foi questionada judicialmente. O tribunal concluiu que, embora a comissão tivesse autoridade para aplicar sanções, a penalidade não seguia normas claras e consistentes, o que resultou em uma revisão da punição. Eventualmente, o banimento vitalício foi reduzido para uma suspensão de três anos, retroativa a 2014, e a multa foi anulada. A análise demonstra que o banimento vitalício pode ser uma medida excessiva, especialmente em esportes onde o atleta depende da prática profissional como meio de subsistência. O caso de Silva também revela uma lacuna na padronização das sanções impostas por órgãos reguladores, o que pode prejudicar a justiça e equidade no esporte. No contexto brasileiro, o futebol enfrenta desafios semelhantes, com a possibilidade de penalidades extremas desviando o foco das reais dificuldades do esporte, como o tratamento inadequado dos atletas. Conclui-se, que, a gestão esportiva tanto no Brasil quanto internacionalmente, devem buscar um equilíbrio entre a disciplina esportiva e o direito ao trabalho. Medidas como o banimento vitalício precisam ser revistas à luz de sua proporcionalidade e impacto sobre a vida profissional dos atletas. No Brasil, em particular, é necessário um reconhecimento maior da importância da gestão esportiva para garantir que o esporte não apenas discipline, mas também promova inclusão e desenvolvimento. O caso Wanderley Silva destaca a necessidade de procedimentos mais claros e justos, que permitam uma governança esportiva eficaz sem comprometer os direitos fundamentais dos atletas.

Biografia do Autor

Elthon José Gusmão da Costa, USP

Master in International Sports Law (Instituto Superior de Derecho y Economía - ISDE). Membro da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho do Tribunal Superior do Trabalho no Grau Oficial. Membro da Academia Nacional de Direito Desportivo. (ANDD-Lab). Pesquisador do núcleo de estudos “O Trabalho além do Direito do Trabalho: Dimensões da Clandestinidade Jurídico-Laboral” (NTADT), da Faculdade de Direito da USP. Orcid: 0009-0000-9916-685X. C. lattes: https://lattes.cnpq.br/6993275053416440. elthon@hotmail.com.

Renata Campos Falcão Baalbaki, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Advogada. Especialista em Direito Civil e Desportivo.  Vice-presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB/Barra da Tijuca. Membro e Pesquisadora do Grupo de Estudos de Direito Desportivo da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ. Auditora do Tribunal de Justiça Desportiva do Futsal e do Atletismo. Auditora do Pleno - STJD do  Surf. Sócia da Baalbaki & Falcão – Advogados.

Downloads

Publicado

2024-12-16

Como Citar

Gusmão da Costa, E. J., & Campos Falcão Baalbaki, R. (2024). O Banimento nos esportes sob a visão do ordenamento jurídico brasileiro. Revista De Gestão E Negócios Do Esporte, 9(2). Recuperado de https://rgne.org.br/index.php/home/article/view/174